sábado, 4 de março de 2017

Paracetamol e fígado: veja o que você precisa saber

O paracetamol (acetaminofen) é um dos analgésicos mais prescritos no mundo, sendo um dos mais consumidos inclusive no Brasil. Ele é um dos preferidos pois é um dos únicos que podem ser utilizados durante a gravidez, em criança menores de 6 anos, pacientes com úlceras estomacais e nos acometidos pela dengue, sendo altamente seguro nas doses usuais e praticamente sem efeitos adversos. O grande problema reside no uso abusivo do paracetamol, principalmente quando as doses diárias ultrapassam o limite recomendado de 4.000 mg, acarretando em dano grave ao fígado.

Como o paracetamol pode danificar o fígado?

A maioria dos medicamentos são eliminados do organismo pelo fígado, que os "quebra" em moléculas diferentes que ficam mais fáceis de serem eliminadas, mas o problema no caso do acetaminofen é que ele é "quebrado" em moléculas tóxicas ao próprio fígado, e a principal delas é a N-acetil-p-benzoquinonaimina, que provoca uma hepatite aguda com posterior necrose, que pode ser fatal.

Quais são os sintomas da intoxicação?

Eles são divididos em quatro estágios:


  • Estágio I: após 24 horas a ingestão os sintomas são leves, tais como náusea, vômito, mal-estar, letargia e transpiração intensa. São parecidos com os de uma virose.


  • Estágio II: ocorre após 24-72 horas, com a resolução dos sintomas do estágio I, sendo por isso chamado de estágio latente, mas o dano hepático continua aumentando. Em alguns casos mais severos essa fase é acompanhada pelo aumento do fígado e baço (hepatoesplenomegalia), icterícia (pele amarelada), risco de hemorragia e em menor extensão, falência renal.


  • Estágio III: ocorre após 72-96 horas, com a volta dos sintomas do estágio I, acompanhados por encefalopatia, acidose lática, risco de hemorragias, intensa hepatoesplenomegalia e icterícia, com risco de falência múltipla dos órgãos.


  • Estágio IV: após 1-2 duas semanas, com a piora geral dos sintomas no estágio III. A acidose lática produzida pelo fígado danificado induz a encefalopatia, causando confusão mental e motora. A elevada e prolongada acidose promove o último estágio da doença, no qual os rins, cérebro, pulmão e coração vão à falência, acarretando na morte do paciente.


O que fazer após uma suspeita de intoxicação por paracetamol?

Ir ao pronto socorro é o que se deve fazer, pois lá será medido o nível de acidose sanguínea para correção de pH e será administrado a N-acetilcisteína, que é o antídoto para uma intoxicação por paracetamol. Dependendo do tempo em que se procura ajuda e da dose tomada, o fígado voltará ao estado que era antes. Apesar de ser uma intoxicação comum, são raros os casos necessitando o transplante de figado.

Populações de risco

Idosos, crianças, pacientes com problemas no fígado ou com uso concomitante de outros medicamentos, deverão usar a dose máxima de paracetamol de 2.000mg/dia, afim de evitar quaisquer danos hepáticos.


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