Uma crença real
Já é do costume popular achar que tomar antibióticos junto com alimentos corta o efeito do mesmos. Isso é verdadeiro para a maioria dos antimicrobianos comumente usados, e não só no caso de alimentos, mas também no uso de antiácidos. As interações são de cunho químico e são bem interessantes para aqueles que gostam de explorar a área. Vejamos como os alimentos e antiácidos interagem com as principais antibióticos utilizados no Brasil.
Penicilinas e cefalosporinas
São compostos que possuem o chamado anel beta-lactâmico, que é extremamente instável e responsável pela sua ação contra as bactérias. Quando esse anel é rompido, as penicilinas e cefalosporinas perdem atividade. Alimentos ricos em íons como cálcio e magnésio rompem esse anel. Então alimentos ricos em íons como leite, carne, feijão e derivados e antiácidos como os hidróxido de alumínio e leite de magnésia também desativam os beta-lactâmicos. Essa inativação ocorre à nível de estômago e os compostos são absorvidos do intestino para a corrente sanguínea, porém sem atividade.
Exemplos de beta-lactâmicos: amoxicilina, cefalexina, penicilina V, cafaclor e cefalotina.
Tetraciclinas
São compostos formados por quatro anéis rígidos e são bastantes conhecidos. A interação alimentar com eles é um pouco diferente, e exclusiva com íons divalentes/trivalentes/multivalentes como cálcio, ferro, alumínio e magnésio. Os íons formam as chamadas ligações coordenadas com os oxigênios das tetraciclinas, formando ligações fortes com uma ou duas tetraciclinas, tornam-as insolúveis no estômago e impossíveis de serem absorvidas no intestino, sendo eliminadas quase que totalmente nas fezes. Alimentos ricos em íons como o leite e derivados, feijão, carne e antiácidos promovem a reação.
Exemplos de tetraciclinas: minociclina e tetraciclina.
Quinolonas
São bem conhecidas quando se trata de infecções urinárias, e podem sofrer com a perda de eficiência quando ingeridas com alimentos e antiácidos. O mecanismo não está bem claro, mas o que se sabe é que o alimento/antiácido reduz os níveis sanguíneos das quinolonas, o que pode acarretar em falha terapêutica e continuidade da infecção.
Exemplos de quinolonas: norfloxacino, ciprofloxacino e levofloxacino.
O que fazer?
As medidas para manter a eficácia terapêutica desses medicamentos é simples: usá-los uma hora antes da alimentação/antiácidos ou duas horas depois de se alimentar/usar antiácidos. Isso garante que não haverá nenhuma interferência na absorção do medicamento.
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