domingo, 27 de novembro de 2016

Uso da tretinoína no fotoenvelhecimento.

O que é a tretinoína?

A tretinoína faz parte de um grupo denominado de retinoides, sendo substancias naturais ou sintéticas derivadas da vitamina A. Esses compostos são importantes em regular a morfogênese (diferenciação celular em um embrião), a visão, proliferação celular e a diferenciação celular.

Poucos sabem, mas a tretinoína é uma substância natural, produzida em nosso corpo através da metabolização do retinol (vitamina A). Ela é um ácido com configuração trans, sendo chamado no meio científico de ácido all-trans-retinoico, sofrendo metabolismo na própria célula da pele, pela enzima ácido retinoico hidroxilase, membro da família de enzimas Citocromo P450.


Molécula de tretinoína

A tretinoína age através da sua interação com receptores dentro da célula, como a proteína ligante de ácido retinoico (CRABP) e a proteína celular retinol-ligante (CRBP). Inclusive com receptores nucleares, como a família de receptores nucleares do ácido retinoico (RAR) e os receptores X retinoides (RXR). A atuação nesses receptores promovem os efeitos da tretinoína.

Dentre os efeitos esperados provocados pela tretinoína, estão o clareamento da pele, assim como a uniformização do seu tom, devido ao esgotamento dos estoques de melanina nos queratinócitos e a inibição da transferência de melanina, assim como a sua produção pelos melanócitos. Ocorre a indução da multiplicação dos queratinócitos, favorecendo a renovação da pele, com a expulsão das células velhas que são substituídas por células novas, além de revascularização da pele, fornecendo um novo suprimento sanguíneo às células, dando um aspecto mais vivo e rosado. A produção de colágeno também é ampliada, assim como a elasticidade da pele e a atividade dos fibroblastos.

Por causa da conjuntura desses efeitos, onde temos a renovação das estruturas da pele como um todo, a tretinoína tem sido requisitada para o tratamento da acne, dos sinais de expressão, das rugas, da reversão do fotoenvelhecimento, das cicatrizes provocadas pela acne, do melasma e de pequenas manchas de pele.

Fotoenvelhecimento e tretinoína:

Temos dois tipos de envelhecimento: o envelhecimento cronológico, correspondente ao tempo e que pode sofrer variações devido aos hábitos (alimentação, atividade física, hábitos como fumar/beber etc) e o fotoenvelhecimento.

O envelhecimento cronológico é mais difícil de ser tratado, e pode ser melhorado apenas levemente com o uso da tretinoína, pois não pode-se parar o tempo, apenas retardá-lo. Ou seja, a tretinoína apenas desacelera o processo de envelhecimento cronológico sem revertê-lo.

O fotoenvelhecimento pode ser revertido com a tretinoína, porém não pode ser revertido 100% e seus efeitos podem perdurar mesmo após o tratamento.

Peles foto-envelhecidas/danificadas sentem com mais nitidez as ações dos retinoides do que as peles mais bem cuidadas (pele jovem ou que passa por tratamentos dermatológicos de ponta).


Essa foto viralizou na internet, e mostra um caminhoneiro norte-americano. Note que o lado esquerdo é o mais envelhecido. Esse homem tomava sol em apenas um lado do rosto enquanto dirigia. Uma pele claramente foto-envelhecida.

Por ser uma substancia que atua rapidamente, seus efeitos adversos também aparecem logo cedo, tais como vermelhidão, xerose (secura da pele), descamação da pele e prurito (coceira), afetando 92% dos pacientes e ocorrendo geralmente entre o 2º dia de tratamento até o 30º dia, onde após esse período ocorre uma adaptação do organismo à substancia. Sua posologia é 1x ao dia durante a noite, devendo-se lavar o rosto ao acordar para retirar toda a tretinoína residual.

Não há consenso na duração do tratamento com a tretinoína quando o assunto é fotoenvelhecimento, onde pesquisas foram feitas com grupos de pacientes usando a substância em 3 meses, 6 meses e até 12 meses. A partir desses estudos se verificou que o efeito máximo da tretinoína é alcançado dentro de 06 meses de uso, e após esses período poucos são os efeitos benéficos que a substância consegue ter. Após esse período o índice de efeitos adversos também cai, pra quase zero.

Não se recomenda o tratamento para pacientes abaixo dos 30 anos com a finalidade estética, porém a idade mínima respeitada para essa finalidade é 20 anos.

Sempre consulte o dermatologista!

Efeitos da tretinoína na pele foto-envelhecida (no geral):

Temos o clareamento geral da pele, assim como de manchas solares, desde pequenas, até as de tamanho mais significativo. As rugas e linhas de expressão sofrem uma melhora significativa, chegando a sumirem. A pele tende a ter uma textura mais firme, jovial e corada, devido a renovação da pele e a criação de novos vasos. A produção de colágeno é ampliada e as células da pele recuperam grande parte de suas funções que foram perdidas por causa do Sol. Fora à parte as espinhas e cravos tem uma marcante redução.

Os efeitos podem durar de 02 meses até 12 meses após a interrupção do tratamento, e vai depender se o indivíduo vai continuar evitando a exposição excessiva ao Sol e da duração do tempo de tratamento.

Cuidados com a tretinoína:

  • Apesar de tornar a pele mais grossa, devido a multiplicação celular mais intensa, a camada córnea da pele, que é formada por células mortas, é afinada. É essa camada que atua como barreira física contra infecções e agentes danosos, além de fornecer proteção solar. Então faz-se necessário o uso de protetor solar, no mínimo fator 60, tanto para evitar o aparecimento de manchas, como para evitar o fotoenvelhecimento solar e o aumento da irritação no local.




  • Nada de usar esfoliantes ou abrasivos na pele, ou seja, nada de sabonetes, cremes ou géis esfoliantes, pois eles aumentam a irritação na pele e diminuem a camada córnea.

  • Não deve ser usada em mulheres grávidas: o risco-benefício nesse caso deverá ser pesado. Apesar do tratamento tópico (no rosto) não ter dado problemas em mulheres grávidas como o por via oral provoca, é aconselhado as grávidas a não usarem a tretinoína durante a gravidez, principalmente se o uso é apenas estético.

  • Não passar a tretinoína nos cantos do nariz ou boca, e nem na barba ou couro cabeludo, pois nessas áreas a irritação é maior, podendo provocar úlceras.



  • O uso de hidratantes é altamente recomendado, e o uso de maquiagens durante o tratamento é desaconselhado.

Qual tretinoína usar? Gel ou creme?

Os géis devem ser utilizados em indivíduos com a pele oleosa, pois os géis se firmam nesse tipo de pele.

Os cremes devem ser usados em pele seca, pois eles aderem nesse tipo de pele e tem ação hidratante.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Avicis: uma arma contra a calvice pouco conhecida.

A alopecia androgenética, mais conhecida como calvice masculina, é causada pelo acúmulo de dihidrotestosterona no bulbo capilar, provocando a sua atrofia, levando a perda de cabelo. Uma enzima chave nesse processo é a 5-alfa-redutase II, que converte a testosterona em dihidrotestosterona. Apesar de não ser um problema de saúde, a calvice tem um forte estigma social, fazendo com que milhões de homens e mulheres busquem todos os anos métodos de impedir ou reverter a queda dos cabelos.


Avicis nada mais é que uma loção contendo o 17-alfa-estradiol à 0,025%, que é um estrógeno fraco e que tem o poder de inibir a enzima 5-alfa-redutase II no bulbo capilar, evitando dessa forma o avanço da calvice e recuperando os fios perdidos. Pelo fato de atuar da mesma forma que a finasterida, o Avicis tem um resultado bastante similar e na mesma velocidade.

Após a inibição da enzima os fios passam a crescer mais firmes e grossos, apresentando um crescimento mais duradouro. Isso reflete no engrossamento dos fios mais claros e finos, característicos da calvice, que passam a também crescer em comprimento.

Avicis x finasterida

O Avicis possui grande vantagem se comparado com os dois gigantes do mercado para tratar a calvice, o minoxidil e a finasterida. Isso porque a loção não possui os efeitos adversos da finasterida, que chegam a comprometer o desempenho sexual em uma parte considerável dos pacientes, além de não provocar a síndrome pós-finasterida.

Em uma pesquisa feita na França, 15% dos homens relataram queda no desempenho sexual usando finasterida, onde muitos disseram ter perdido parte do libido e da ereção, além de prolongamento para chegar ao orgasmo. Esses mesmos efeitos foram vistos em apenas 0,1% daqueles utilizando o 17-alfa-estradiol (Avicis).

Avicis x minoxidil

No caso do minoxidil, a grande vantagem está na acessibilidade do Avicis, que pode ser comprado em qualquer farmácia. Já o minoxidil só pode ser comprado por meio da internet, já que é importado dos Estados Unidos. A posologia do Avicis é mais cômoda, sendo usado apenas 1x ao dia, enquanto que a loção de minoxidil deve ser usado 2x ao dia (a espuma de minoxidil é usada apenas 1x ao dia). Ou seja, a loção de Avicis dura o dobro se comparado com a loção de minoxidil.

O Avicis não provoca o chamado shedding. Esse efeito acontece com o minoxidil, onde ocorre uma queda maior dos fios de forma temporária. Esse efeito pode durar entre 15-60 dias.

Pelo fato de ser uma medicação tópica, ou seja, de uso local, possui poucos efeitos adversos. A maioria dos poucos efeitos adversos é provocado pelo álcool da loção. O estrógeno utilizado, mesmo que caia na corrente sanguínea do homem, apresenta poucos efeitos, pois trata-se de um estrógeno fraco, o chamado 17-alfa-estradiol. Esse medicamento só deve ser usado em indivíduos com mais de 18 anos, e é contra indicada para as mulheres, pois não possui efeito nas mesmas.

A grande desvantagem está no preço, onde uma loção de Avicis contendo 0,025% de 17-alfa-estradiol custa entre R$ 100-150. Porém pode-se fazer uso do manipulado que sai bem mais em conta.


Recomendação ao usar Avicis:

  1. Utilizar sempre antes de dormir, com o cabelo seco.                                                                                    
  2. Aplicar no local onde está ocorrendo a queda de cabelo e na região calva, pressionando o local suavemente com os dedos.                                                                                                                     
  3. Não usar em feridas abertas no couro cabeludo.                                                                                    
  4. Em caso de dermatite no local, cessar o uso da loção até o couro cabeludo normalizar, e de preferência relatar esse fato à um médico. A dermatite geralmente é provocada pelo álcool da loção.                                                                                                                                         
  5. O álcool da loção pode secar os fios, fazendo-se necessário o uso de produtos hidratantes, principalmente condicionadores.                                                                                                           
  6. Se não houver resultados dentro 04 meses, uma terapia alternativa deverá ser estudada.             
  7. Não utilizar a loção no couro cabelo acometido por dermatite seborreica (a chamada caspa). 


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Depressão, o mal do século.

A depressão é uma doença que está ganhando cada vez mais espaço à nível mundial. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) cerca de 1/3 das pessoas em todo o mundo já tiveram depressão pelo menos um vez na vida. E o pior, a maioria não sabe o que teve.

A depressão é uma doença debilitante e que tem enorme prejuízo econômico e social. Afastamentos no trabalho, perda de produtividade, idas ao médico, preocupação da família e etc. Tudo isso leva a um custo governamental/empresarial, a um custo social para a família e amigos, e psicológico para o doente.

Como qualquer doença, ela tem uma causa. Podendo variar conforme a situação: seja problemas na família, problemas financeiros, problemas de saúde... Resumindo, são os problemas postos de uma forma crônica os grandes desencadeadores da depressão. Diferente do que muitos pensam, depressão não é tristeza crônica, e sim ausência de sentimentos, a famosa apatia, onde o indivíduo encontra-se "robotizado" e mal responde aos estímulos externos. Onde momentos felizes não tem a mesma intensidade, ou momentos tristes que não possuem o mesmo peso. Tudo fica mais ameno, em uma linha média. Tudo fica apático.

Inicialmente a depressão vem sob a forma de grande tristeza, agonia ou tentativa de sair de uma situação. O início dela é de luta, onde os sentimentos ficam à flor da pele. Mas quando a luta cessa sem resultados, o que domina é a apatia. E através dela podemos verificar se quem está a nossa volta sofre de depressão.



Os primeiros sinais da depressão são:

  1. Perda de interesse pelas atividades que antes eram prazerosas (ex.: ler, caminhar, sair, praia, cinema etc.)
  2. O indivíduo tende a se isolar e a falar pouco. Tendo um discurso rápido e com poucas palavras.
  3. Sono desregulado e com poucas horas de dormida (em crianças/adolescentes acontece o oposto).
  4. Distúrbios na alimentação, onde pode-se comer pouco ou em excesso.
  5. Dificuldade de concentração e perda do rendimento no trabalho/escola.


Como tratar a depressão?

O primeiro passo para tratá-la é reconhecer que você está está doente. O próximo passo é procurar um psicólogo, e dependendo do caso um psiquiatra.

O psicólogo tem um papel chave no tratamento da depressão, onde o dever do psiquiatra é receitar a medicação para "agilizar" o trabalho feito pelo psicólogo. Sem um psicólogo a doença tende a se estender. É um erro muito comum tratar um paciente sem ajuda psicológica, esperando que a medicação faça por si só todo o trabalho. Esse tipo de situação acontece mais em pacientes que dependem do SUS, onde conseguir um psicólogo é uma tarefa árdua. Está bem documentado que psicólogo + medicação tem um desfecho bem mais favorável do que apenas a medicação.

O Brasil, infelizmente, não dá a devida importância para o avanço da doença. Entre 2000 - 2012 houve um aumento de mais de 10% nas morte por suicídio no país.http://infograficos.oglobo.globo.com/sociedade/mapa-da-taxa-de-suicidio-no-mundo.html

Olhando através de uma ótica mais biológica, a depressão é resultado da diminuição de três hormônios no cérebro: a serotonina, noradrenalina e dopamina. A grande maioria dos anti-depressivos utilizados atuam aumentando a concentração desses hormônios que estão em falta. Dos três, a serotonina é o mais importante e o mais bem estudado. Por esse motivo a grande maioria dos médicos receitam os chamados inibidores da recaptação de serotonina (IRS) para seus pacientes. Tanto pelo fato deles serem mais certeiros e atuarem aumentando a concentração de serotonina, como pelo fato de apresentarem menos efeitos adversos.



Muitas vezes a depressão pode ser acompanhada por outras doenças, tais como a ansiedade generalizada, onde o indivíduo tem medo do futuro, e tem o pensamento fixo de que tudo vai dar errado ou que algo de ruim vai acontecer à ele. A psicose pode ser outro sintoma que pode aparecer, onde o indivíduo tem um pensamento fixo de perseguição. Por sorte, tanto a terapia com o psicologo como o uso dos anti-depressivos conseguem auxiliar na cura dessas doenças agregadas.

Lembre-se sempre, depressão não é frescura. É uma doença, e como qualquer outra, precisa ser tratada.

Fontes: https://www.nimh.nih.gov acesso: 23/10/2016

Colesterol, amigo ou vilão?

Se perguntarmos para qualquer pessoa sobre o colesterol, vamos ouvir sempre que ele provoca infartos, derrame, endurece as artérias, que ele faz apenas mal e não tem utilidade fisiológica alguma, colocando-o sempre como vilão, mas não é bem assim.

O colesterol é importantíssimo para o nosso corpo, pois ele ajuda na produção dos hormônios sexuais masculinos (testosterona) e femininos (progesterona e estrógenos), da vitamina D que atua no metabolismo ósseo, fortificando-os e inibindo o aparecimento precoce da osteoporose, dos sais biliares que ajudam na digestão e absorção das gorduras no intestino, além de ajudar na produção do cortisol (um hormônio importantíssimo) que atua reduzindo os processos inflamatórios e ajuda a regular a glicemia no organismo, e sobretudo, faz parte da membrana das nossas células, dando à elas rigidez e sustentabilidade para que não se rompam tão facilmente. Então, dá para perceber o quanto ele é importante. Porém, o problema está no seu excesso!


Em excesso o colesterol tende a se acumular nas paredes dos vasos sanguíneos, endurecendo-os e estreitando-os, diminuindo o fluxo de sangue nos órgãos adjacentes. A formação de placas de colesterol nas artérias podem se romper de uma hora pra outra, podendo entupir de vez  artérias importantes adjacentes, causando infarto ou derrame. As artérias mais afligidas pelo entupimento provocado pelo colesterol são a coronária, no coração, e as artérias cerebrais.


O colesterol percorre a corrente sanguínea sendo transportado por duas lipoproteínas: LDL e HDL.

A LDL transporta o colesterol do fígado para os tecidos que precisam dele, porém se o organismo tem um excesso de ingestão/produção de colesterol a LDL acaba levando colesterol além do necessário, e o que o nosso organismo não usa, a LDL acaba por depositar o excesso nas artérias. Por isso o LDL é chamado de colesterol "ruim".

O HDL tem um papel de "policiamento" e carrega de volta pro fígado o excesso colesterol depositado pelo LDL, dessa forma limpando as artérias do colesterol em excesso e evitando o seu acúmulo. No fígado o colesterol ou pode cair na corrente sanguínea novamente, ou pode virar sais biliares para ajudar na digestão das gorduras. Por esse motivo o HDL é chamado de colesterol "bom".


Uma curiosidade é que o fígado produz 75% do colesterol que está no nosso organismo. Os outros 25% vem da alimentação. Uma classe de medicamentos chamados de estatinas impedem que o figado produza colesterol em excesso. Alimentos vegetais são isentos de colesterol. O colesterol apenas existe nos alimentos à base de carne.

Fontes: V diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose (http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2013/V_Diretriz_Brasileira_de_Dislipidemias.pdf).

As super bactérias criadas pelos antibióticos

A resistência bacteriana tem crescido de forma alarmante desde os anos 90, porém desse período até agora, poucos medicamentos tem sido criados para se combater as bactérias resistentes. Ou seja, estamos na contramão no que diz respeito a pesquisa e desenvolvimento de antimicrobianos!



As bactérias são seres minúsculos, responsáveis por doenças que causaram grandes estragos até a década de 50, tais como pneumonias, tuberculose, endocardite bacteriana etc. Com o surgimento dos primeiros antimicrobianos na década de 20, com as chamadas sulfas, e principalmente com a descoberta da penicilina na década de 40, a população mundial deu um verdadeiro salto em qualidade de vida, pois naquele tempo o que mais matava eram as infecções bacterianas.

Porém o império de bem-estar na saúde deixado pelos antimicrobianos está ameaçado pelas bactérias resistentes, e o número de pessoas morrendo devido as infecções bacterianas tem voltado a crescer no Brasil e no mundo. Mas porque isso está acontecendo? Porque é um costume mundial usar antibióticos/antimicrobianos para tratar tudo, desde gripes até feridas, fazendo com que haja uma seleção natural entre as bactérias para que apenas a mais forte sobreviva. Todo antimicrobiano tem uma dose certa, um período certo, uma frequência certa, uma doença certa e uma bactéria certa para tratar, e quando rompemos qualquer um desses 05 itens, ajudamos a criar uma bactéria resistente, ou até pior, uma super bactéria! 

O antimicrobiano é como um soco certeiro na bactéria, e quando ele pega de raspão, a bactéria "entende" e faz de tudo pra resistir a um próximo soco.

As sulfas são do tempo de nossos avós, e conseguiam matar uma grande quantidade de bactérias, mas hoje das mais de 20 sulfas produzidas, apenas uma funciona, o sulfametoxazol, porém de forma bem menos brilhante do que quando foi lançado. Ele era inclusive usado para tratar machucados, sem a menor necessidade!

A penicilina quando descoberta na década de 40 tratava praticamente tudo! Hoje só trata uma bactéria do gênero streptococcus spp., que causa faringite. Tudo isso devido ao mal uso.

A tetraciclina é outro exemplo, onde era um medicamento revolucionário, capaz de matar bactérias resistentes as sulfas e a penicilina, mas devido ao mal uso, ela perdeu grande parte de seu poder.

Então, jamais devemos usar antibióticos por conta própria, devendo sempre fazer uma consulta médica antes de usá-los! Contribua para reverter esse quadro.

Finasterida e calvice: entenda os riscos dessa medicação

A finasterida é, sem dúvidas, o medicamento mais utilizado no Brasil e no mundo para o tratamento da calvice. Ela atua inibindo a enzima 5-alfa-redutase II, impedindo a conversão da testosterona em diidrotestosterona, que é o hormônio responsável pelo padrão masculino de queda de cabelo. Essa enzima é presente tanto no bulbo capilar como em diversos tecidos do organismo, tais como a próstata, cérebro, testículos e pênis.

Inicialmente a finasterida foi criada e lançada em 1992 para tratar a hiperplasia prostática benigna (crescimento benigno da próstata) sob a dose de 5 mg. Em 1997 a molécula passou a ser aprovada para tratar a alopecia androgenética (calvice masculina) sob a dose diária de 1 mg.

A finasterida sempre vai ser a "queridinha" quando o assunto é a calvice, pois pode ser tomada uma única vez por dia via oral, além de rapidamente fornecer um nítido crescimento capilar em apenas 03 meses de uso contínuo. Apesar de tanta eficácia, a finasterida tem os seus riscos sob o uso prolongado.

Países europeus como a Suécia e a Finlândia já proibiram o uso da finasterida sem prescrição médica e tem leis bastante restritivas no que diz respeito ao seu uso. Até os Estados Unidos também pretendem fazer o mesmo. No Brasil, a substância pode ser vendida sem qualquer controle.



  • Funções da testosterona no organismo.

A testosterona é um hormônio anabólico e andrógeno. Isso quer dizer que a testosterona é responsável pelo crescimento muscular e pelas características corporais/comportamentais do sexo masculino. É um hormônio essencial para o desenvolvimento das características masculinas durante a passagem da infância para a puberdade, sendo responsável pelo crescimento dos ossos, fechamento das epífises, pelo início da espermatogênese (produção de espermatozoides), engrossamento da voz, aumento do tônus muscular, desejo sexual, crescimento de pelos no rosto e no corpo e pelo temperamento mais agressivo/volátil.

No homem já adulto, a testosterona continua a atuar na função sexual, mantendo a produção de espermatozoides, a ereção e o libido. Além desses efeitos, ela contribui para o bem-estar geral do cérebro, inibindo o surgimento da depressão e o aparecimento da ansiedade. Nos músculos, a testosterona é responsável por manter o tônus e a força, agindo também no tecido adiposo, aumentando a queima calórica e o HDL (colesterol bom).


  • Efeitos adversos.

Pelo fato da finasterida ter efeitos que vão além do couro cabeludo, poderemos observar o surgimento dos chamados efeitos adversos, sendo os mais comuns a leve perda do libido, dificuldade em manter a ereção 100% e ginecomastia (crescimento das mamas). São efeitos leves, que passam conforme o tempo de uso e atingem no máximo 10-20% dos que tomam o medicamento, principalmente homens acima dos 40 anos.

Mas, em uma pequena proporção (bem pequena mesmo) dos homens que tomam a finasterida ocorre a chamada síndrome pós-finasterida, que é desencadeada geralmente após a interrupção do medicamento. Os efeitos adversos são nefastos e estão sendo estudados intensamente por médicos em diversas partes do mundo. Eles serão esquematizados abaixo de forma pormenorizada:


  1. Efeitos no SNC: os efeitos são depressão, perda da concentração, insônia, ansiedade e queda no libido. Há receptores hormonais nas terminações nervosas penianas, bem como em áreas do cérebro responsáveis pelo prazer sexual e bem-estar. Foi comprovada a liberação de óxido nítrico induzida pela ação da testosterona/diidrotestosterona a nível peniano. O óxido nítrico é importante no processo de dilatação  dos vasos penianos e pelo mantimento da ereção. O viagra, por exemplo, atua liberando óxido nítrico no local, aumentando a capacidade erétil do pênis.
  2. Efeitos na musculatura: ocorre a diminuição da massa muscular com a indução de tremores. A testosterona age diretamente no músculo impedindo os efeitos catabólicos do cortisol. Se existir um desequilíbrio hormonal onde há mais cortisol que testosterona, o resultado  final será a perda do tônus e massa da musculatura como um todo.
  3. Efeitos nos órgãos genitais: a ereção é prejudicada, ocorrendo dores constantes no pênis e nos testículos, onde esses dois órgãos em alguns pacientes chegam a diminuir de tamanho. Ocorre a queda na produção de espermatozoides, podendo levar a infertilidade. Perda da sensibilidade no pênis, perda de volume ejaculatório e prolongamento para se chegar ao orgasmo são também relatados. A espermatogênese (nos testículos) é altamente dependente dos hormônios sexuais, assim como a produção do sêmen (na próstata). Tanto o testículo, como a próstata, respondem diretamente ao efeito dos hormônios sexuais ou indiretamente através das terminações nervosas estimuladas pela testosterona. 


Essas reações podem aparecer quando o paciente para de usar a finasterida ou em até 3 meses após a suspensão do uso. Os efeitos dessa síndrome podem durar meses, anos ou pelo resto da vida. Os pacientes mais susceptíveis são aqueles que usam a finasterida por mais de 01 ano, com idade mais avançada e que possuem maus hábitos, tais como fumar, beber ou má-alimentação associada com o sedentarismo.

Infelizmente essa síndrome não tem cura, e quando os pacientes questionam o seu médico, a maioria diz que é "psicológico". Dessa forma é sempre ideal utilizar medicamentos tópicos como primeira linha, tais como o minoxidil e outros. A finasterida poderá ser usada apenas se a primeira linha falhar; mas, é claro, sob orientação médica e pesando sempre os riscos e benefícios.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Cuidados com a Hidroquinona

A Hidroquinona é uma poderosa molécula usada não clareamento da hiperpigmentação. Ela atua bloqueando uma enzima chamada tirosinase, que converte o aminoácido tirosina, que pode ser obtida através de alimentos proteicos, em DOPA que deve ser uma das substâncias precursoras utilizadas na produção de melanina.

Por mais de 40 anos a hidroquinona nunca foi superada por qualquer outra substância quando o quesito é clareamento, sendo mais prescrita no Brasil quando o anúncio é melasma.

Molécula de hidroquinona.

Efeitos adversos comuns da hidroquinona:

A Hidroquinona é uma substância fotossensível e altamente reativa dentro do nosso organismo. Sob a luz do sol, ou ao interagir com a enzima tirosinase, ela se transforma em radicais livres. E são esses radicais livres responsáveis pelos seu efeito clareador, assim como seus efeitos adversos.

1- Vermelhidão e coceira

Quase todos os pacientes ao usarem hidroquinona relatam ardor e sensibilidade na área aplicada, além de vermelhidão acompanhada por coceira. Geralmente esses efeitos aparecem dentro de 5-10 dias de tratamento, e tende a desaparecer. Caso não haja diminuição nesses efeitos adversos, a substância deverá ser retirada até que a vermelhidão e a sensibilidade diminuam. 

2- Escurecimento

Pelo fato da Hidroquinona sensibilizar a pele e ser uma molécula fotossensível, ela deverá ser aplicada à noite e durante o dia deverá ser usado protetor solar (no mínimo fator 50). Caso essa regra não seja atendida, a Hidroquinona tem efeito contrário, ou seja, ao invés de clarear, vai escurecer a sua pele. Esse tipo de efeito adverso acontece naqueles pacientes desleixados quando usam o medicamento.

Além desses efeitos adversos mais comuns, existem aqueles que são mais raros e de certa forma mais graves, que serão também listados abaixo:

1- Ocronose exógena

As agências da FDA (que controla o uso de medicamentos nos EUA) e de vários outros países têm citado uma doença de pele chamada ocronose exógena como uma preocupação com o uso de hidroquinona. Apesar de incomum, algumas pessoas desenvolveram uma coloração na pele para azul-escura após o uso de cremes de hidroquinona. A ocronose também pode causar manchas castanho-acinzentado e minúsculas manchas amarelo-amarronzadas, bem como espessamento da pele. A condição está associada principalmente com as pessoas de pele escura usando hidroquinona em concentrações elevadas (4% ou mais)  por longos períodos (acima de 6 meses), sendo irreversível. Essa coloração é provocada por um excesso do aminoácido tirosina na pele provocada pela hidroquinona.

2- Leucodermia em confete

Também é um efeito raro e irreversível provocado pela hidroquinona, onde ocorre uma hipomelanose (ausência de coloração) na pele, e que vem sob a forma de diversos pontinhos esbranquiçados. Sob biópsia os queratinócitos da pele são desprovidos de melanina (que dá a cor à pele) e há ausência de melanócitos (células produtoras de melanina). Ocorre principalmente em pacientes de pele escura que fazem uso de hidroquinona por mais de seis meses sem parar, e utilizam graduações altas (4% ou mais).


Acima nós temos uma mulher com ocronose exógena e leucodermia em confete.

3- Forte reação alérgica

Embora improvável, algumas pessoas podem experimentar uma reação alérgica a hidroquinona. Sinais como queimaduras graves ou sensações de ardor, urticária, dificuldade para respirar, inchaço facial, da garganta e da boca. Uma reação alérgica a hidroquinona deve ser considerado uma emergência médica. Felizmente é um efeito raro.

4- Intoxicação

Quando tomada oralmente em grandes quantidades, a hidroquinona é tóxica e de imediato causa zumbido dos ouvidos, náuseas, convulsões e pele azulada devido a insuficiência de oxigênio no sangue (cianose). Grandes quantidades de hidroquinona oral também podem causar danos no fígado. O efeito pode ser fatal e levar rapidamente à morte. Então sempre manter a hidroquinona longe do alcance de crianças.

Outras considerações:

Para aqueles que a usam para tratar o melasma, os primeiros resultados só aparecem entre 15-90 dias de tratamento. Se após 3 meses (90 dias) não houver melhora do melasma, a hidroquinona deverá ser retirada, onde o seu uso não deverá passar dos 6 meses.

Outro detalhe vai para as pessoas que utilizam a hidroquinona para ficarem mais "brancas": apesar de ser o clareador mais poderoso já produzido, a hidroquinona é INCAPAZ de clarear a pele saudável. Isso porque a hidroquinona só é eficaz em regiões onde a enzima tirosinase encontra-se ativa, e ela está apenas ativa nas áreas hiperpigmentadas e não na pele sadia.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Calvice masculina, como tratar?

De fato a popular calvice é um problema que afeta muitos homens, e mesmo não possuindo impacto na saúde física, ela consegue afetar outros aspectos, principalmente o psicológico.

Para entender a calvice (alopecia androgenética), temos que ter em mente que o cabelo passa por um ciclo, onde ele cresce (chamamos isso de fase anágena), sofre regressão folicular (fase catágena) e prepara-se para se desprender do couro cabeludo (fase telógena). As fases finais do desenvolvimento do fio (catágena e telógena) são extremamente curtas se comparadas a anágena. Cerca de 10-15% dos nossos fios estão na fase de desprendimento. O restante está sob a fase anágena que dura, em média, de 03-08 anos.

Na fase anágena os fios crescem vigorosamente sem parar durante anos, e uma das consequências da calvice é o encurtamento dessa fase, fazendo com que o fio não complete o seu desenvolvimento e caia mais rápido, onde é notório o aparecimento de fios mais frágeis, finos e curtos.

Os medicamentos mais utilizados para a calvice masculina atuam principalmente nessa fase de crescimento dos fios, fazendo com que eles cresçam mais e durem por mais tempo no couro cabeludo.



Abaixo estão listados os principais medicamentos usados  na calvice masculina:


  • Minoxidil: originalmente foi desenvolvido como anti-hipertensivo, mas logo notou-se que ele tinha a propriedade de fazer crescer cabelo, pois pacientes calvos voltavam a ter cabelo e algumas mulheres passaram a sofrem com pelos em torno do rosto. Logo começou o uso desse medicamento para tratar a calvice.



Como ele age? Não se sabe ao certo como o minoxidil age, mas sabe-se que ele consegue aumentar a circulação sanguínea no bulbo capilar, além de auxiliar na produção de substâncias que auxiliam no crescimento capilar, e isso tudo ajuda no crescimento e aparecimento dos fios. Ele é vendido em duas concentrações: 2% para mulheres e 5%, exclusiva para homens.

Quanto tempo para os primeiros resultados e as reações adversas? Os resultados são notados entre 2-4 meses, chegando ao máximo em 12-14 meses. Por ser usado topicamente, as reações adversas são mínimas, entre elas estão a dermatite de contato na região em que o medicamento é aplicado, havendo vermelhidão e coceira. Pode haver, também, o aparecimento de pelos em outras regiões.

Um efeito adversos comum é a queda dos fios de cabelo já existentes. Isso porque o minoxidil tem a capacidade de fazer os cabelos na fase telógena caírem para transforma-los em fios na fase anágena. Esse efeito é benéfico e pode durar de 15-60 dias, sendo mais conhecido como shedding.

Dosagem e preço: o minoxidil é vendido sobe a forma de loção (uso 2x ao dia) ou espuma (1x ao dia), sendo principalmente importado. Seu preço varia conforme o valor do dólar, sendo ele geralmente vendido entre R$ 100-150. As marcas de referência são a Kirkland e Rogaine. Os manipulados são mais baratos e podem custar entre R$ 30-70. Marcas nacionais existem e são bem mais em conta, também. Detalhe: a espuma é bem menos irritante do que a loção.


  • Finasterida: é um inibidor da 5-alfa-redutase II, impedindo a conversão da testosterona em um outro hormônio, a diidrotestosterona, o grande responsável pela calvice masculina. É dado por via oral, sendo mais cômodo.



Quanto tempo para os primeiros resultados e as reações adversas? Os resultados são notados entre 3-5 meses, chegando ao máximo em 10-14 meses. O medicamento é considerado seguro, mas no início pode causar perda de libido, diminuição na quantidade de espermatozoides e leve problema erétil. Em uma quantidade pequena dos homens o medicamento pode causar a chamada síndrome pós-finasterida, onde os efeitos adversos do medicamento podem durar meses, anos ou para o resto da vida, causando depressão, insônia, ansiedade, disfunção erétil, perda de sensibilidade e diminuição dos órgãos genitais juntamente com perda de libido e infertilidade. É uma síndrome rara, porém grave.

Dosagem e preço: a finasterida é usada na dose de 1mg por dia, sendo que até a dose de 0,2mg é considerada efetiva. É vendido inclusive como genérico, custando entre R$ 15-60.


  • 17-alfa-estradiol (Avicis): é um estrógeno fraco usado topicamente no couro cabeludo, e da mesma forma que a finasterida age inibindo a enzima 5-alfa-redutase. É vendido na dosagem de 0,025%.



O alfaestradiol custa em média R$ 100-150, sendo vendido sob a marca Avicis. Os primeiros resultados e o máximo de resultado alcançado são similares à finasterida. O medicamento não deve ser usado no couro cabeludo agredido.


  • Terapia combinada: para um efeito mais rápido, duradouro e intenso, a única terapia combinada usada é minoxidil 5% + finasterida 1 mg, sendo notado um sinergismo entre as duas substâncias com um crescimento mais rápido e duradouro dos fios. Essa combinação é a única aprovada pelo FDA.

Outros medicamentos a serem explorados:


  • Dutasterida: é um inibidor da 5-alfa-redutase, tanto a do tipo I como a do tipo II, sendo mais poderoso que a finasterida. Seus efeitos adversos são mais poderosos também, e apesar de combater a calvice, jamais deverá ser usado para tal propósito. Ele só é desejável em pacientes com hiperplasia prostática benigna que porventura também sejam calvos.



  • Cetoconazol shampoo 2%: é um antifúngico com propriedades antiandrogênicas e anti-inflamatórias, sendo usado principalmente no combate da caspa. Foi verificado que ele pode reverter a calvice, mas seu uso é restrito devido ao risco de resistência fúngica por causa do seu uso contínuo.



  • Latanoprosta 0,1%: é uma prostaglandina promissora capaz de reverter a calvice, podendo ser usada tanto em homens como em mulheres. Tal propriedade foi descoberta a pouco tempo, e estudos são contínuos na sua utilização para essa finalidade. O seu efeito promotor de crescimento foi percebido após a constatação de que o colírio dessa substância, utilizado para o glaucoma, fazia crescer os cílios ao redor dos olhos.


Bem-vindos!

Gostaria de dar as boas vindas à todos. O Pharma care é um blog destinado a esclarecer as principais dúvidas dos leitores em relação à vários aspectos no que diz respeito a saúde, tirando dúvidas sobre o uso de medicamentos, seus efeitos adversos e precauções, onde será reportado também temas relacionados a certas patologias e alguns dos exames clínicos mais comumente pedidos pelos médicos.

Esperamos que todos gostem do conteúdo do blog, onde dúvidas, sugestões e críticas serão sempre bem-vindas.

Email: felipeferreira1917@gmail.com