terça-feira, 20 de junho de 2017

Quais os riscos de se usar anabolizantes?

Ter um corpo ideal é algo constantemente imposto pela sociedade. Desde sempre, ter um corpo bonito sempre esteve à frente da saúde, e querendo ou não, a grande maioria das pessoas não vão para academia procurando um estilo de vida mais saudável, e sim ter um corpo atraente e bonito à qualquer preço.

Uma infinidade de suplementos e energéticos parecem não satisfazerem uma crescente população que procura as academias e querem atingir o corpo ideal pelo menor tempo e esforço possível. Os anabolizantes entram nessa história ao promoverem um verdadeiro sonho: um corpo bem trabalhado em pouco tempo. Porém, eles impõe um preço que às vezes não vale à pena.

Nos Estados Unidos há um controle rígido da venda de anabolizantes, assim como há no Brasil. Porém em ambos os países é fácil conseguir hormônios que promovem o crescimento da massa muscular. Se uma empresa americana não pode vender um anabolizante dentro do país porque ele é proibido, ela o fará vendendo para outros países como o Brasil, já que isso não fere a legislação americana. Ele poderá ser obtido facilmente via internet por qualquer brasileiro. Nos EUA todos os anabolizantes devem ser prescritos por um médico após sublinhada necessidade por parte do paciente. Aqueles que obtém os anabolizantes de forma ilegal, os conseguem por meio da internet, onde a maioria dos hormônios vem da Rússia e de alguns países da Europa oriental, como a Bulgária. Outros meios incluem extravios em hospitais e a obtenção de receitas com amigos médicos. O Brasil copia todas as táticas que os americanos, e os hormônios ilegais são obtidos principalmente dos EUA  e da Rússia.




  • Anabolizantes designers (designer steroids)

Uma prática perigosa tem crescido nos EUA e no Brasil, onde os chamados anabolizantes designers estão sendo incorporados indiscriminadamente em suplementos afim de promoverem o crescimento muscular de forma ilegal. Um anabolizante designer é uma substancia derivada de outro anabolizante que foi pesquisado e desenvolvido por laboratórios de diversas partes do mundo, porém a sua pesquisa foi abandona por motivos de toxicidade, desinteresse ou queda no investimento de pesquisa. Essas substancias não são proibidas porque a maioria das agências reguladoras nem ao menos sabem da existência delas para poderem proibi-las, então por esse motivo muitas indústrias as utilizam porque elas configuram como "legais" já que não houve nenhuma sanção contra elas. Geralmente essas substancias vieram de antigos laboratórios da Itália, Alemanha Oriental ou União Soviética. Essas substâncias continuam como "legalizadas" até que alguma agência reguladora proíba o seu uso. 

As substâncias mais utilizadas são: methoxygonadiene, dimethazina, methylclostebol, mentabolan, methylepitiostanol e methylstenbolone. Essas substâncias jamais passaram por testes clínicos e até mesmo são apenas utilizadas em animais. Há nenhuma aplicação terapêutica ou recomendação para o uso das mesmas. Então, se você utiliza quaisquer suplementos contendo essas substâncias, encerre o uso, pois os danos são nefastos e a maioria deles ainda são desconhecidos.

  • Anabolizantes legalizados

Os anabolizantes podem ser utilizados terapeuticamente para uma infinidade de doenças, desde que estejam sob prescrição médica. Hipogonadismo, emagrecimento repentino provocado pelo HIV, utilização em pacientes com queimaduras graves e indivíduos com sarcopenia.

Em pacientes com hipogonadismo, ou seja com baixos níveis de testosterona, o papel dos anabolizantes é o de completar o amadurecimento sexual, com o engrossamento da voz, aparecimentos de pelos, ganho de massa muscular, desenvolvimento genital e dentre outros. Em pacientes com alta demanda metabólica, como daqueles que sofreram graves queimaduras, os anabolizantes ajuda o organismo a evitar a degradação do músculo com o intuito de utilizar os seus componentes para repor a pele. No paciente com emagrecimento súbito com HIV o hormônio ajuda a evitar a perda de massa muscular e a promover o seu ganho. Nos pacientes com sarcopenia (fraqueza muscular provocada pela velhice) o anabolizante auxilia no ganho de tônus e diâmetro das fibras musculares.

Todos o tratamento deve ser prescrito por um médico que fornecerá o hormônio por meio de ciclos de aplicação. O uso de anabolizantes é seguro em até um 1 ano de terapia, sendo que após esse período iniciam-se os efeitos indesejáveis do anabolizante. Apenas o hipogonadismo pode ser tratado por um período de tempo indefinido.

Os anabolizantes geralmente tem efeitos de curto e longo prazo, que deverão ser pesados conforme as propriedades farmacológicas de cada um. Existem três classes de anabolizantes, que serão descritas a seguir.

Vale lembrar que a maioria dos efeitos adversos indesejáveis dos anabolizantes vem dos efeitos masculinizantes que são diidrotestosterona-like.

Derivados da testosterona: são um conjunto de anabolizantes que tem ações iguais as da testosterona, ou seja, eles tem tanto ação anabólica (de crescimento muscular) como andrógena (masculinização), sendo substrato das enzimas 5-alfa-redutase, produzindo substancias similares a diidrotestosterona, o principal hormônio responsável pelas características masculinizantes, e eles são também substrato da enzima aromatase, localizada principalmente no tecido adiposo, produzindo os indesejáveis estrógenos. Eles são administrados por via oral, diferentemente dos outros que são por via injetável. Mas todos os que são administrados por via oral são também aquilados no carbono 17, provocando dessa forma um significativo dano hepático, que às vezes pode ser fatal. A metiltestosterona, fluoximesterona e metandrostenolona são os principais exemplos dessa classe.

Derivados da nandrolona: são um conjunto de anabolizantes com poucos efeitos masculinizantes, tendendo mais a terem efeitos anabólicos, ou seja, do crescimento do músculo. São mais bem tolerados e possuem bem menos efeitos adversos se comparado com outras classes. A nandrolona é o principal representante dessa classe, sendo o anabolizante ilegal mais utilizado ao redor do mundo devido aos poucos efeitos adversos, pouca masculinização e maior tolerância. Trembolona é outro representante, porém não é tão eficaz quanto a nandrolona no que diz respeito aos efeitos anabólicos. Eles não causam efeito tóxico ao figado por não serem alquilados no C-17.

Derivados da diidrotestosterona: são os anabolizantes com maior efeito anabólico e com certo efeito andrógeno, e eles se assemelham ao hormônio diidrotestosterona, o que impossibilita a sua conversão em estrógenos. A oxandrolona é o principal representante, onde ela não sofre metabolização pela aromatase e tem poucos efeitos masculinizantes (androgênico), sendo um ótimo hormônio anabólico. O estanozolol é um outro representante da classe. A oximetolona, outro fármaco dessa classe, é tido como carcinogênico.

Efeitos de curto prazo.

No curto prazo todas as três classes de anabolizantes tem os mesmo efeitos, variando apenas na potência dos mesmos. O efeito anabólico é similar em todos. Com a masculinização sofrendo variações, onde o aparecimento de pelos em regiões que antes não haviam, aumento do apetite sexual e aumento da raiva são os efeitos masculinizantes de curto prazo visto em homens e em mulheres. Nas mulheres, em particular, nós temos o engrossamento da voz e o parecimento de barba, além de acne nas costas e ao redor do peito, bem como no rosto. Os efeitos masculinizantes são vistos principalmente nos derivados da testosterona, sendo os menores possíveis com os derivados da nandrolona. 

Efeitos de longo prazo.

No longo prazo os efeitos são mais severos, principalmente se não há acompanhamento médico. Esses efeitos são mais classe-dependente. 

  • Dano hepático: ele é comum à todos os anabolizantes alquilados na posição C-17, ou seja, todas aqueles que podem ser ingeridos via oral. A oxandrolona é o que tem menos efeitos hepatotóxicos, sendo o seu uso considerado seguro, mas isso não dispensa uma observação clínica mais de perto. Já os outros fármacos alquilados podem provocar dano hepático mais sério, porém reversível. Os efeitos são mais nefastos quando são usados anabolizantes como a metiltestosterona e a oximetolona que são carcinogênicos e são associados à carcinomas hepatocelulares. O risco é tempo-dependente, ou seja, por quanto mais tempo se usar, maior será a probabilidade de adquiri-los. 


  • Infarto: esse é comum a todos os anabolizantes. Tendo em vista que o coração é um músculo, todos os anabolizantes tem a capacidade de fazê-lo crescer à longo prazo. O efeito é mais pronunciado naqueles que são mais fortemente anabolizantes, como a nandrolona e a oxandrolona. Esse efeito é tempo-dependente.


  • Trombose: os anabolizantes tem a capacidade de aumentar a agregação plaquetária e de diminuírem o HDL (colesterol bom) enquanto aumentam os níveis de LDL (colesterol ruim), promovendo a formação de trombos e placas de gordura nas artérias podendo provocar infartos e derrames. 


  • Insuficiência renal: ela só aparece como resultado do crescimento do coração. Quando o coração encontra-se crescido e com pouca força de contração (a chamada insuficiência cardíaca crônica) menos sangue é enviado para os rins, acarretando em insuficiência renal crônica, que no longo prazo pode ser fatal e pode exigir um transplante renal e cardíaco ao mesmo tempo.


  • Hipogonadismo: é um quadro clínico acompanhado por baixa produção endógena de testosterona, acarretando em atrofia dos testículos, depressão, calvice, infertilidade, retensão de líquidos, hipertensão devido a retenção de sódio, crises de raiva e ansiedade, osteoporose e diminuição do libido. Na maioria dos casos ela é reversível, porém em alguns ela pode se tornar cronica e irreversível. Em mulheres o excesso de anabolizantes pode provocar um crescimento exagerado do clítoris, que pode triplicar de tamanho, chegando a medir 7 cm. O crescimento clitoriano é irreversível na maioria dos casos e o clítoris avantajado pode danificar as vias nervosas responsáveis pelo prazer devido ao esmagamento dessas fibras pelo tamanho exagerado. Os derivados da testosterona são os que mais causam esses efeitos adversos, devidos as suas propriedades altamente masculinizantes (andrógenas).


  • Ginecomastia: é o crescimento das mamas provocado pelo excesso de estrógenos produzidos pela conversão dos anabolizantes pela enzima aromatase. Esse efeito é muito pronunciado nos derivados da testosterona, sendo pequeno nos derivados na nandrolona e ausente nos derivados da diidrotestosterona. Esse efeito pode ser irreversível em alguns homens. 

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