domingo, 2 de julho de 2017

A obesidade na infância pode prejudicar o desenvolvimento sexual masculino pré-púbere.

A obesidade infantil tem se tornado um problema cada vez mais real e está abrangendo um número cada vez maior de crianças. Sedentarismo, vida virtual e fast-foods são os três pilares para essa epidemia de obesidade infantil. 

Nos EUA, 17,4% das crianças entre 2-10 anos são consideradas obesas, ou seja, mais de 8 milhões de crianças. O sobrepeso afeta aproximadamente 33,4% dessas crianças, atingindo quase 20 milhões delas, de acordo com dados coletados entre 2013-14, sendo uma das taxas mais elevadas do mundo. No Brasil, a obesidade infantil cresceu 10 vezes nos últimos dez anos, e é agora um problema de saúde pública. Cerca de 15% das crianças brasileiras já são consideradas obesas (taxa bem próxima à americana), sendo a região Sudeste a mais obesa do país, com 38,8% das crianças entre 5-9 anos já consideradas acima do peso, seguida pela região Sul, com 35.9%.

O excesso de gordura traz diversas comorbidades, tais como triglicerídeos e LDL altos, HDL baixo, risco de infarto e surgimento do diabetes, restrições na mobilidade, dores articulares, problemas respiratórios, apneia do sono, depressão e dentre outros. E quanto mais cedo a obesidade surge, mas cedo os problemas relativos a ela tenderão a aparecer.

Nos garotos, a obesidade pode fornecer um fator prejudicial adicional, impedindo o seu completo desenvolvimento sexual. 



Durante a pré-puberdade os níveis de testosterona sobem, provocando mudanças radicais no corpo do homem, tais como o aparecimento de pelos no corpo (na barba, axilas, peito, púbis etc.), engrossamento da voz, aumento do apetite sexual e agressividade, desenvolvimento do pênis, início da produção de espermatozoides, aumento do tônus muscular e desenvolvimento ósseo acarretando em um crescimento rápido.

Em garotos obesos, os níveis de testosterona permanecem abaixo do normal, sendo inversamente proporcionais à obesidade. Ou seja, quanto mais obesa a criança for, menos testosterona circulante ela terá. Os cientistas tem diversas explicações para esse fenômeno, sendo uma delas o fato de que a testosterona é um hormônio lipofílico. Isso quer dizer que a testosterona tem afinidade por gordura e fica preso na massa adiposa ao invés de ficar na circulação sanguínea. Outro fato é o de que o tecido adiposo na região da barriga tem uma enzima chamada de aromatase que converte a testosterona em estrógenos, que são um grupo de hormônios feminilizantes. Então, quanto mais obesa uma criança for, mais ela produzirá a enzima aromatase, e consequentemente mais testosterona será gasta para se produzir os estrógenos, fazendo com que haja pouca testosterona na circulação. Além disso, os estrógenos inibem a produção endógena de testosterona por meio de um efeito inibitório.




Os efeitos nos garotos na idade pré-púbere são evidentes, tais como o atraso no desenvolvimento sexual, bem como um baixo crescimento do pênis e a permanência das características infantis por um período de tempo mais longo. Quando o desenvolvimento sexual acontece, ele nunca é completo. Na questão da estatura, ocorre um efeito duplo: sem a testosterona os ossos não desenvolvem direito e a força da gravidade exercida pelo excesso de peso tende a comprimir os ossos, impedindo que eles cresçam. 

Nessas condições, o ideal é o acompanhamento médico e com um nutricionista, para a produção de uma dieta e de uma rotina de exercícios físicos para o adolescente. Durante o emagrecimento, os níveis de testosterona tendem a crescer até ficarem restaurados, possibilitando o completo desenvolvimento sexual do adolescente em fase pré-puberdade.  Isso ocorre porque mais testosterona está sendo liberada do tecido adiposo juntamente com a queda da atividade da enzima aromatase, fazendo com que menos testosterona se transforme em estrógenos, e impedindo os efeitos inibitórios do estradiol sobre a produção de testosterona.

Os baixos níveis de testosterona não só afetam os garotos obesos, afetando também aqueles em idade adulta. A obesidade é a segunda maior causa de hipogonadismo secundário em homens, levando a baixa circulação de testosterona. E como sublinhado anteriormente, uma dieta acompanhada de exercícios físicos tende a restaurar os níveis normais de testosterona no organismo.

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