O pâncreas é um dos órgãos mais importantes do nosso corpo e ele desempenha duas funções orgânicas indispensáveis: a digestiva e a hormonal (insulina e glucagon).
O controle glicêmico do nosso organismo é feito mediante a liberação de um hormônio pancreático chamado insulina que tende a baixar os níveis de açúcar (glicose) em nosso sangue. Em contrapartida esse mesmo órgão produz o glucagon, um hormônio que libera glicose do fígado quando os níveis corpóreos de açúcar encontram-se muito baixos, fazendo com que a glicose, uma molécula essencial para o nosso organismo, não fique em excesso ou em falta.
O pâncreas ainda possui uma função digestiva, onde libera enzimas como a amilase que auxilia na quebra do amido (um tipo de açúcar) e a lipase que auxilia na quebra e digestão das gorduras.
Sem o pâncreas morreríamos pela falta de controle glicêmico ou deficiência na captação de açúcares e gorduras, pois essas substâncias são essenciais na obtenção de energia pelo nosso organismo para que possamos realizar as mais diversas atividades cotidianas, como correr ou andar; mas vale lembrar que o excesso na ingestão tem efeitos danosos como o surgimento da diabetes ou placas de gordura nas artérias do coração.
A pancreatite aguda é um mal que geralmente se inicia de forma repentina e que causa intensas dores na região da pélvica, sendo um dor, na maioria das vezes, insuportável e que piora ao toque na região. Possui tratamento fácil; porém, se não tratada, poderá ocasionar a morte do doente. Certa condições facilitam o parecimento da pancreatite e iremos lista-las abaixo.
O Brasil é um dos países com mais casos casos de pancreatite no mundo, perfazendo uma taxa de 15,9 casos por 100.000 habitantes; ou seja, um total de mais de 30.000 casos por ano, fazendo dela uma doença bastante comum.
A pancreatite pode ser confundida com diversas outras patologias que afetam o sistema gastrointestinal, tais como a colelitíase (as famosas pedras na vesícula) ou apendicite; e, em menor grau, é parecida com a pielonefrite ou o acúmulo de gases intestinais; por isso, o diagnóstico de pancreatite é um pouco desafiador.
A dor relacionada a pancreatite possui alguns padrões, como o fato dela ser de início agudo e ser bem insuportável. A dor, em si, afeta o lado superior esquerdo da barriga e a região do umbigo. Algumas vezes, de forma rara, ela poderá ser indolor. Dependendo da gravidade, as dores podem irradiar para o peito ou costas, podendo ocasionar dores e vômitos que pioram quando o paciente está na posição de supino (deitado de barriga para cima).
A causa da pancreatite reside na obstrução do canal pancreático por meio das pedras de colesterol produzidas na vesícula. A obstrução do canal faz com que as enzimas digestivas amilase e lipase não saiam do pâncreas e fiquem retidas no órgão. Com isso o pâncreas é digerido por suas próprias enzimas, o que ocasiona a chamada pancreatite aguda.
Os maiores fatores de risco para a pancreatite são o alcoolismo, a diabetes e o colesterol alto. Somados juntos, perfazem mais de 90% dos casos.
Diagnóstico
O diagnóstico é simples e pode ser feito laboratorialmente. É medido a concentração de duas enzimas importantes: a amilase e a lipase sanguíneas. Se ambas estiverem com elevação superior a 03x em relação aos valores de referência pode-se dizer que trata-se de um caso de pancreatite aguda. A lipase é ainda mais "certeira" no diagnóstico, pois é mais específica para o pâncreas e suas concentrações duram mais tempo na corrente sanguínea. Se apenas a amilase estiver aumentada, o diagnóstico de pancreatite não poderá ser confirmado com clareza.
Para a lipase o valor de referência é 13-60 U/L (maiores de 18 anos).
Para a amilase o valor de referência é 60-160 U/dL (todas as idades).
Tratamento
O tratamento é bem simples. Basta serem evitados o consumo de alimentos ricos em gorduras ou amido no período em que a pancreatite estiver atacando, pois ao ingerir produtos gordurosos ou ricos em amido ocorrerá, por consequência, a produção de mais lipase e amilase pelo pâncreas, o que danificará o órgão mais ainda. O ideal é ir para um hospital a fim de receber a alimentação por meio parenteral (através da veia), evitando, dessa forma, a produção das enzimas digestivas
e prevenindo adicionais danos ao órgão até que a pedra que está obstruído o canal pancreático saia por si só.
Fontes: https://www.aafp.org/afp/2014/1101/p632.pdf