terça-feira, 27 de junho de 2017

Você sabe para quem doar sangue ou de quem você pode receber?

O sangue é um líquido viscoso composto por células e diversos tipos de micro e macromoléculas. O sangue é, sem dúvidas, o transporte para a grande maioria dos nutrientes e oxigênio que o nosso corpo necessita, assim como é um meio de saída dos produtos indesejáveis excretados pelas nossas células. Dentre os principais compostos do nossos sangue  nós temos a glicose e o oxigênio, que são essenciais para o metabolismo celular, as partículas de triglicerídios, colesterol, as hemácias, o fibrinogênio, a água e as nossas células de defesa. Se a nossa circulação parasse subitamente, todo o nosso corpo iria à falência por falta de nutrientes, afetando principalmente os órgãos que mais dependem do fluxo sanguíneo como o coração, cérebro, fígado e rins.

As nossas hemácias compõe o mais numeroso grupo de células do nosso sangue e tem como função o transporte de oxigênio para os tecidos, regulação do pH e controle da pressão sanguínea. E são essas células as determinantes quando o assunto é doação de sangue. Cada hemácia possui um grupo de antígenos do conjunto ABO e Rh. As nossas células de defesa apenas reconhecem as hemácias com antígenos iguais as do hospedeiro. Ou seja, se uma hemácia tem o antígeno A, as nossas células de defesa só reconhecerão outra com o mesmo antígeno A.

Mas o que acontece se o sangue é doado entre duas pessoas com tipos sanguíneos diferentes? Se uma pessoa com o tipo A+ resolve doar para alguém do tipo B+,  as células de defesa do organismo - mediadas principalmente pela excreção anticorpos - irão atacar as hemácias com o tipo sanguíneo estranho, sendo representadas, neste exemplo, pelo tipo A+ que é estranho ao individuo do tipo B+. Quando as hemácias são atacadas, elas são hemolisadas (destruídas) em massa, acarretando em perda do transporte de oxigênio, vasodilatação generalizada com queda de pressão, urina escura devido a excreção em massa da hemoglobina das hemácias, febre, mal-estar, insuficiência renal, taquicardia e entupimento súbito de vasos que podem acarretar em morte.


Grupos sanguíneos

  • Tipo O negativo: esse tipo sanguíneo não tem nenhum antígeno em suas hemácias, nem do sistema ABO e nem do Rh, sendo considerado o tipo sanguíneo universal, podendo ser doado para pessoas de todos os tipos, pois nunca serão reconhecidos como estranhos ao organismo de quem quer que seja. Mas, esse tipo sanguíneo é o pior de todos para receber sangue, pois o sangue de quem tem O- não reconhece o antígeno de nenhum outro tipo sanguíneo, fazendo com que ele só receba de outro O negativo.
  • Tipo O positivo: esse tipo sanguíneo é considerado "semi-universal", pois ele pode ser doado para todos os tipos sanguíneos que são Rh+ (A+, B+, AB+ e O+). Apenas o próprio tipo O+ e o O- podem ser doados para pessoas com esse tipo sanguíneo, fazendo dele o segundo pior tipo sanguíneo para se receber transfusões.
  • Tipo A negativo: ele poderá ser doado apenas para aqueles que possuem o antígeno A e para ambos os fatores de Rh, tais como o A-, AB-, A+ e AB+. Contudo, quem tem o tipo sanguíneo A- só pode receber de A- e O-, sendo tão pior quanto o O+ para receber transfusões de sangue. 
  • Tipo A positivo: ele pode ser doado para A+ e AB+, podendo receber transfusões de O-, A-, A+ e O+
  • Tipo B negativo: ele pode ser doado para todos os tipos B e AB, independente do fator de Rh. Ou seja, para B+, AB+, B- e AB-, enquanto que recebe apenas de O- e B-, sendo um outro tipo sanguíneo com limitada cobertura para receber transfusões. 
  • Tipo B positivo: pode doar apenas para B+ e AB+. Ele pode receber transfusões de O-, O+, B+ e B-.
  • Tipo AB negativo: esse só pode ser doado para o grupo AB, seja Rh positivo ou negativo (AB+ e AB-). Como receptor, esse tipo sanguíneo pode receber de todos os sangues Rh+, ou seja, do O+, A+, B+ e AB+, sendo o segundo melhor tipo sanguíneo receptor.
  • Tipo AB positivo: esse apenas pode doar para quem é AB+, ou seja, é um péssimo doador. Porém, ele pode receber de todos os tipos sanguíneos, sendo o melhor receptor. 


Na tabela abaixo nós temos um resumo da compatibilidade sanguínea.




Fator Rh e gravidez

Outro fator importante é o Rh durante a gravidez. Mulheres que são Rh negativas podem ser reativas aos seus filhos quando estes são Rh positivos. Isso porque a mãe Rh negativa não reconhece o antígeno Rh positivo do filho, fazendo com que as suas células de defesa tentem atacar o feto.

Esse problema não é registrado durante a primeira gestação, onde a gravidez de uma mãe negativa com o seu feto positivo não acarretará em problemas. Mas durante o parto, o sangue do bebê se misturar ao materno, fazendo com que as células de defesa da mãe se tornem sensibilizadas e prontas para reagir à uma próxima gravidez (segundo filho). Se ela não tomar a vacina anti-Rh em até no máximo 72 horas após o parto, o segundo filho poderá sofrer uma ataque mediado por anticorpos maternos durante o seu nascimento, causando a chamada eritroblastose fetal, que é a destruição das hemácias do recém-nascido, sendo fatal na maioria das vezes.

Geneticamente, se um paí é Rh negativo e a mãe também o é, o filho será negativo também. Se o pai e a mãe forem positivos, o filho também nascerá positivo.

Em pais com o Rh divergente, onde o pai é negativo e a mãe é positiva, o filho nascerá ou com o negativo ou positivo, não havendo problemas.  Mas se o pai é negativo e a mãe positiva, o filho poderá nascer positivo (o que não reagiria) ou negativo (causando a reação).



Para descobrir o seu tipo anguíneo e o seu fator de Rh, basta ir em qualquer laboratório solicitando o exame de tipagem sanguínea, que é rápido e só utiliza uma única gota de sangue, custando entre R$ 3,00 - 10,00.


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